Bia Seidl fala sobre Dona Beija para revista Playboy em 1986


FONTE: https://insideplayboybr.wixsite.com/ipbr/post/bia-seidl-agosto-1986

E o sucesso de Dona Beija? Não foi bom, foi ótimo! Um trabalho muito especial, projeto ousado para a emissora, que a gente conseguiu cumprir com sucesso. E bom saber que participei desse estouro, dessa surpresa da Manchete. E os motivos do sucesso são muitos. Por um lado, como diz o Adolfo Bloch, a história tem todos os ingredien­tes que o público gosta: padre, rendez­vous e política. Eu acrescentaria: tem amor. Apesar de ser uma novela de épo­ca, está muito perto da nossa vida.

 Mas a razão do sucesso não seria muito o erotismo da belíssima Beija/Maitê Proença? Acho que há um certo cansaço do naturalismo na TV, esse lance de en­contrar no vídeo os mesmos tipos que se encontram ali na rua. E Dona Beija, além de ser uma novela de época, tinha a histó­ria dos equívocos de uma mulher. Mas su­cesso é trabalho bem-feito, mais aquele click que dá certo e nem sempre se sabe bem por quê. Agora, tentar explicar o su­cesso da novela só pelo erotismo é muito pouco, convenhamos!

Dava para sentir esse sucesso enquanto estavam gravando? Não é uma coisa que se sinta no estúdio, claro. Ali se trabalhava e muito. Mas é certo que houve um clima de satis­fação, e isso foi muito bom. Fazer fracasso é chato, ninguém gosta, né? Cria um am­biente de incerteza, de que vai haver mu­danças, as pessoas se odeiam, o diretor fi­ca inseguro. Então, foi bom a Manchete ter ousado e acertado com Beija.

É diferente trabalhar na Man­chete, comparado com a Globo? É e não é. O trabalho pessoal, que é realmente o importante, esse conti­nua o mesmo, é feito em casa, criando o personagem, decorando textos. A tensão é a mesma, que é o próprio trabalho em televisão. Mas Dona Beija foi um trabalho especial, e o convívio com o diretor Her­val Rossano é revigorante. Eu havia feito com ele A Gata Comeu, foi uma prova de fogo viver a Gláucia, uma tremenda mau-caráter. O Nerval quer tudo ao mesmo tempo, emoção e técnica, e ele joga alto, é rápido. E preciso ficar muito ligada para aproveitar tudo, aprender.

E como foi o relacionamento com a Maitê, que, afinal, era a estrela da novela? Ah, a Maitê é uma pessoa muito especial! No final da novela, acabamos nos aproximando muito. No último dia de gravação, na saída do prédio da Manche­te, nós nos abraçamos. Ela me disse que se eu precisasse de uma amiga para desaba­far, confiar um segredo, contasse com ela. Abraçada com ela, eu disse que não era por acaso que ela havia feito o sucesso que fez. Porque há o lance da "construção" em toda atriz. E Maitê já chegou lá. Ela é lin­da, de uma beleza tocante, mas é mais be­la ainda como pessoa. Ela é grande! Aí, nós duas choramos. Afinal, são poucos os momentos em que se pode ser apenas emoção, ainda mais eu, que sou virginia­na, e quase não me permitia isso. E o mo­mento atual da minha vida está sendo só emoção. É o coração que está batendo, e isso é lindo, encontrar pessoas!

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