Ana Jacinta de São José
Cronologia
Nasceu: 1800
Faleceu: 1874
Filiação: Maria Bernarda dos Santos, pai ignorado.
Natural de Pains/MG
Trajetória de Vida
Em 1805, uma família vinda de Pains chegou para se estabelecer em São Domingos do Araxá. Essa família era composta de tio, avó, mãe e uma bela criança. Essa criança era Ana Jacinta de São José, que se tornou uma moça de beleza rara, que despertava a inveja das mulheres e chamava a atenção dos homens. Apaixonada pelo fazendeiro Manoel Fernando Sampaio, Ana Jacinta tornou-se sua noiva. O casamento seria uma consequência normal para o compromisso. Beja, esse foi o apelido carinhoso que o noivo lhe deu por compará-la à doçura e à beleza da flor “beijo”. Mas o destino de Beja foi bem diferente.
Um dia Beja foi raptada. O novo ouvidor do rei, Dr. Joaquim Inácio Silveira da Motta, ficou fascinado com sua beleza e não teve escrúpulos de mandar raptá-la. Por dois anos Beja viveu como amante do Ouvidor na Vila do Paracatu do Príncipe.
Ao retornar a São Domingos do Araxá, Beja encontrou um ambiente hostil. A conservadora sociedade local não via Beja como vítima, mas como uma mulher sedutora de comportamento duvidoso. Agora, além da inveja, era sinônimo de ameaça de sedução aos maridos, noivos e namorados. Era uma outra pessoa. Rica e poderosa, exercia fascínio sobre todos os homens e tornou-se, assim, a maior personalidade da região.
Beja construiu duas casas. Na casa da cidade era recatada e suas visitas não reclamavam favores sexuais. Fora da cidade, ficava a chácara onde passava a maior parte do tempo. “Essa casa possuía vastos salões para festas e recepções, era em estilo colonial, cercada de árvores...Era imensa a legião de admiradores vindos das cidades próximas, até de cidades de São Paulo, e nesta casa, ela recebia os homens para festas em troca de presentes. D. Beja impõe regras e se coloca em posição superior: é ela quem define a relação com os homens, é ela quem escolhe seus parceiros sexuais.” (Lourdes Zema). A pequena Vila de São Domingos do Araxá passa a ser visitada por pessoas influentes da região.
Beja teve duas filhas: Tereza Tomázia de Jesus, com seu antigo noivo, Manuel Fernando, que foi seu amante durante muitos anos e, pelo o que se conta, teria sido assassinado a mando de Beja, vingando, assim, a surra que um ano antes Manoel Fernando havia mandado lhe dar. Beja levou vários meses se recuperando da surra. Joana de Deus de São José foi sua segunda filha. Dessa vez, o pai foi João Carneiro de Mendonça, outro amante de Beja.
Após os 35 anos, Beja se retira da vida pública para se dedicar às filhas. Escolhe para viver a localidade de Bagagem, hoje, Estrela do Sul, onde estava acontecendo uma corrida pelos diamantes. Beja, então, se dedica à atividade do garimpo. A mulher sedutora passa a viver uma vida recatada, voltada à religião e à caridade.
Foi aceita pela comunidade de Bagagem e participou da vida diária da cidade. Mandou construir uma ponte, que inclusive tem seu nome, e financiou a virada do rio Bagagem para colher o cascalho do leito do rio, onde presumia ter maior depósito de diamantes.
“Seu poder e sua beleza foram associados às virtudes afrodisíacas das águas de Araxá. Nada pode ser negado à veracidade da história e à correlação de Beja-Araxá, porque ela ressurgiu no novo século como emblema da cidade, associada às águas locais, atraindo turistas à região.“ (Lourdes Zema).
O Caso do Triângulo Mineiro
As terras onde se encontram Araxá, entre a região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro, começaram a ser ocupadas já no princípio do século 18, após a Guerra dos Emboabas e a Sedição de Vila Rica. Era uma alternativa para os que optaram em deixar a região das minas.
Cronologia
Nasceu: 1800
Faleceu: 1874
Filiação: Maria Bernarda dos Santos, pai ignorado.
Natural de Pains/MG
Trajetória de Vida
Em 1805, uma família vinda de Pains chegou para se estabelecer em São Domingos do Araxá. Essa família era composta de tio, avó, mãe e uma bela criança. Essa criança era Ana Jacinta de São José, que se tornou uma moça de beleza rara, que despertava a inveja das mulheres e chamava a atenção dos homens. Apaixonada pelo fazendeiro Manoel Fernando Sampaio, Ana Jacinta tornou-se sua noiva. O casamento seria uma consequência normal para o compromisso. Beja, esse foi o apelido carinhoso que o noivo lhe deu por compará-la à doçura e à beleza da flor “beijo”. Mas o destino de Beja foi bem diferente.
Um dia Beja foi raptada. O novo ouvidor do rei, Dr. Joaquim Inácio Silveira da Motta, ficou fascinado com sua beleza e não teve escrúpulos de mandar raptá-la. Por dois anos Beja viveu como amante do Ouvidor na Vila do Paracatu do Príncipe.
Ao retornar a São Domingos do Araxá, Beja encontrou um ambiente hostil. A conservadora sociedade local não via Beja como vítima, mas como uma mulher sedutora de comportamento duvidoso. Agora, além da inveja, era sinônimo de ameaça de sedução aos maridos, noivos e namorados. Era uma outra pessoa. Rica e poderosa, exercia fascínio sobre todos os homens e tornou-se, assim, a maior personalidade da região.
Beja construiu duas casas. Na casa da cidade era recatada e suas visitas não reclamavam favores sexuais. Fora da cidade, ficava a chácara onde passava a maior parte do tempo. “Essa casa possuía vastos salões para festas e recepções, era em estilo colonial, cercada de árvores...Era imensa a legião de admiradores vindos das cidades próximas, até de cidades de São Paulo, e nesta casa, ela recebia os homens para festas em troca de presentes. D. Beja impõe regras e se coloca em posição superior: é ela quem define a relação com os homens, é ela quem escolhe seus parceiros sexuais.” (Lourdes Zema). A pequena Vila de São Domingos do Araxá passa a ser visitada por pessoas influentes da região.
Beja teve duas filhas: Tereza Tomázia de Jesus, com seu antigo noivo, Manuel Fernando, que foi seu amante durante muitos anos e, pelo o que se conta, teria sido assassinado a mando de Beja, vingando, assim, a surra que um ano antes Manoel Fernando havia mandado lhe dar. Beja levou vários meses se recuperando da surra. Joana de Deus de São José foi sua segunda filha. Dessa vez, o pai foi João Carneiro de Mendonça, outro amante de Beja.
Após os 35 anos, Beja se retira da vida pública para se dedicar às filhas. Escolhe para viver a localidade de Bagagem, hoje, Estrela do Sul, onde estava acontecendo uma corrida pelos diamantes. Beja, então, se dedica à atividade do garimpo. A mulher sedutora passa a viver uma vida recatada, voltada à religião e à caridade.
Foi aceita pela comunidade de Bagagem e participou da vida diária da cidade. Mandou construir uma ponte, que inclusive tem seu nome, e financiou a virada do rio Bagagem para colher o cascalho do leito do rio, onde presumia ter maior depósito de diamantes.
“Seu poder e sua beleza foram associados às virtudes afrodisíacas das águas de Araxá. Nada pode ser negado à veracidade da história e à correlação de Beja-Araxá, porque ela ressurgiu no novo século como emblema da cidade, associada às águas locais, atraindo turistas à região.“ (Lourdes Zema).
O Caso do Triângulo Mineiro
As terras onde se encontram Araxá, entre a região do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro, começaram a ser ocupadas já no princípio do século 18, após a Guerra dos Emboabas e a Sedição de Vila Rica. Era uma alternativa para os que optaram em deixar a região das minas.
Pelos documentos, vê-se que os governadores da Capitania das Minas incluíam essas terras na jurisdição da Capitania. Na década de 70 do século 18, devido à interferência do governo de Goiás e com o apoio da população, as terras passam para Goiás. “Extraviadores de ouro e dos direitos reais no comércio preferiam um poder mais distante e frouxo, viam na subordinação a autoridades que não as mineiras.” (F. Iglesias).
Em abril de 1816, as terras são desmembradas de Goiás e incorporadas ao território mineiro através de um alvará, dando ao mapa o contorno característico e inconfundível. O motivo alegado era que Araxá e Desemboque estavam a mais de 150 léguas da capital de Goiás. O cientista alemão Eschwege contestou o fato, alegando que as terras deveriam ser incorporadas à Capitania de São Paulo, por estarem mais próximas da sua capital do que de Ouro Preto. Nesse período, era de interesse dos proprietários de terras estarem ligados à Capitania de Minas, inclusive, já haviam articulado um pedido à Corte.
Tradicionalmente, por razões sentimentais, liga-se o fato à figura de Beja. O Ouvidor, Dr. Motta, temeroso do seu julgamento pelo rapto da adolescente Ana Jacinta na Capitania de Goiás, onde tinha como inimigo político o governador, pediu a D.João V a transferência das terras para a Capitania de Minas, onde seu julgamento seria mais fácil. “Analisado historicamente, o fato não tem comprovação, já que, em Paracatu do Príncipe, o ouvidor nada teria a temer das autoridades goianas, pois a localidade sempre pertencera a Minas.“ (Enciclopédia dos Municípios Mineiros).
Em abril de 1816, as terras são desmembradas de Goiás e incorporadas ao território mineiro através de um alvará, dando ao mapa o contorno característico e inconfundível. O motivo alegado era que Araxá e Desemboque estavam a mais de 150 léguas da capital de Goiás. O cientista alemão Eschwege contestou o fato, alegando que as terras deveriam ser incorporadas à Capitania de São Paulo, por estarem mais próximas da sua capital do que de Ouro Preto. Nesse período, era de interesse dos proprietários de terras estarem ligados à Capitania de Minas, inclusive, já haviam articulado um pedido à Corte.
Tradicionalmente, por razões sentimentais, liga-se o fato à figura de Beja. O Ouvidor, Dr. Motta, temeroso do seu julgamento pelo rapto da adolescente Ana Jacinta na Capitania de Goiás, onde tinha como inimigo político o governador, pediu a D.João V a transferência das terras para a Capitania de Minas, onde seu julgamento seria mais fácil. “Analisado historicamente, o fato não tem comprovação, já que, em Paracatu do Príncipe, o ouvidor nada teria a temer das autoridades goianas, pois a localidade sempre pertencera a Minas.“ (Enciclopédia dos Municípios Mineiros).
Fonte:http://www.descubraminas.com.br/MinasGerais/Pagina.aspx?cod_pgi=1220
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